(Vivências e Testemunhos)
O seguro do carro
Precisando a minha nora e o meu filho de se deslocarem de carro, impreterivelmente, no mesmo dia e à mesma hora e tendo eles apenas um automóvel, pediram-nos se lhe emprestávamos o nosso que, no momento, não nos fazia falta.
Como é evidente, de pronto lhe cedemos o automóvel após o pai lhe ir buscar o certificado do seguro que na altura ainda estava guardado na sua carteira.
O rapaz levou o carro, serviu-se e logo que terminou a viagem veio devolvê-lo.
Conversámos e a certa altura o pai perguntou-lhe pelo seguro para o guardar no lugar onde costumava fazê-lo. O nosso filho foi para entregar o papel ao pai, procurou, procurou mas... nada. Não conseguiu encontrá-lo nem lembrar-se onde o tinha metido. Melhor dizendo: ele afirmava que o havia colocado num determinado sítio só que nem ali nem noutro lugar ele aparecia. Ficámos todos um tanto constrangidos pois circular sem seguro dá direito a multa. Ele ficou de fazer certas diligências no sentido de se certificar se haveria deixado o documento em algum outro lugar onde tivesse estado mas passaram-se vários dias sem nada de novo ocorrer.
Estávamos na disposição de pedir à companhia de seguros uma segunda via, sabendo que na altura demoraria algum tempo, quando eu me lembrei que ainda não tinha rezado o responso a Santo António. Rezei e tive de ir com meu marido às compras de carro, pesasse embora o perigo de a polícia nos mandar parar e perguntar pelos documentos em plena via. Na viagem fomos conversando e eu reparando que o interior do veículo estava demasiado sujo com terra do calçado. Pedi ao meu marido que passasse numa estação de serviço a fim de mandar limpar o carro. Ele concordou, pois já não limpava o carro a fundo, há bem mais de dois meses. E lá se dirigiu para a estação de serviço mais próxima.
Estava o empregado na limpeza interior do veículo quando o aspirador ficou entupido não se sabia bem com quê. Admirado disse para o meu marido: Há aqui qualquer coisa estranha que bloqueia o cano do aspirador. Deixe lá ver o que é.
O meu marido ficou na expectativa. O espaço era diminuto para lá se encontrar algo que pudesse entupir o aspirador e nem pela cabeça lhe passou o documento do seguro. Mas que era ele, era!
Estava metido na bolsa da porta, caído onde ninguém nunca o veria a não ser mesmo os “olhos” do aspirador...
Jamais a força de um aspirador doméstico o conseguiria extrair daquela frincha.
Aida Viegas (in SANTO ANTÒNIO a FREGUESIA e o PADROEIRO)
Comentários