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A mostrar mensagens de 2020

Natal de Ontem e de Hoje

  NATAL DE ONTEM E DE HOJE   Noutros tempos, nas nossas aldeias, o Natal era uma festa que se restringia quase exclusivamente a práticas religiosas; festa singela, mas fiel ao seu verdadeiro significado. Começava-se a preparação com as novenas ao Menino Jesus em todos os lugares, nos nove dias que antecediam a noite de vinte e quatro de dezembro. Homens, mulheres e crianças reuniam-se na igreja ou capela para rezarem e cantarem em louvor do Deus Menino, preparando o seu nascimento e todo o povo ali acorria com grande devoção. Essa prática caiu no esquecimento, mas há lugares que estão a retomar a tradição. Ora cantavam os homens, ora as mulheres intercalando fervorosas preces. Eis algumas quadras dos cânticos, entoados nas novenas, nas noites frias de dezembro.   Vinde ó pastores Com sua alegria Redentor do mundo Nasce de Maria (bis)     Do varão nasceu a vara Da vara nasceu a flor Da flor nasceu Maria De Maria o Redentor...

A beleza de Deus no Berço

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  A BELEZA DE DEUS NO BERÇO Beleza é algo que nos atrai, encanta, deslumbra. Deus é alguém que nos transcende, embora se acolha no mais íntimo do nosso ser e daí nos apele irresistivelmente, por mais que alguns homens tentem negar a Sua existência. Berço é carinho, ternura, inocência, promessa, natividade. Desperta em nós sentimentos nobres. Deus no Berço, belo? Com Deus é bela até uma noite de breu. Ele é a beleza suprema, porque seu Criador. Quem cria beleza, só pode ser belo. Beleza não tem de ser perfeição física, é muito mais que isso é algo que nos encanta. Um Deus feito menino, sem berço, deitado numas simples palhas, envolvido em singelos panos, ultrapassa todos os valores que nos regem. Leva-nos a um acto de reflexão profunda. O Rei do Universo configurado na criatura mais débil, um recém-nascido, é a imagem mais pura, bela, terna e transcendente! É Natal! Com toda a magia e significado de Amor Infinito que esta palavra encerra. Tal como Deus Menino, há tan...

Doutora Honoris Causa

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                                                                        Uma rosa para a Rosa Doutora H onoris Causa          Certo dia estando Rosa nas urgências do hospital na prestação do seu serviço de voluntariado, apareceu, para ser atendida, uma senhora simples, dos arredores da cidade, que tinha sido mordida numa perna, por um cão. A senhora encontrava-se deitada numa maca no corredor das urgências, e Rosa como era seu costume, abeirou-se da doente e entabulou conversa com ela, de modo a prestar-lhe o auxílio de que necessitasse. A boa mulher foi-lhe contando o motivo por que viera ali parar, foi-lhe dizendo da sua preocupação em o dono do cão ser molestado, o que no seu entender não seria correcto visto ser ela a ter-se metido com o animal enquanto ele estava a...
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A Tília da minha rua   A TÍLIA DA MINHA RUA No dobrar da esquina existe um banco. A seu lado, espraia-se uma tília grande como um gigante que muda de indumentária muitas vezes por ano. Deita mão de tecidos diversos. Veste-se de fina cambraia por meados de Março, cambraia de um verde tenro, acabado de pintar. Em Maio é de popelina o seu vistoso vestido, enfeitado com folhos. Junho adiantado usa saia e casaco, com florinhas brancas estampadas. Finais de Agosto, enverga um camiseiro onde, num fundo verde forte, ressaltam bolinhas bordadas, de um creme acastanhado. Setembro a dentro, usa calça e colete em tons de amarelo e castanho. Em Novembro já ensaia o fato de gala para as festas de fim de ano; é de cinza prateado, decotado e de alcinhas. Vaidosa, vistosa e curiosa é esta a tília que mora ao dobrar da esquina da minha rua.                                         ...
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  Os sons da minha rua num dia de confinamento É outono, aquela estação que eu detestava, por me lembrar o fim do verão e a chegada do inverno, mas que hoje aprecio. A tarde está serena e calma, com uma temperatura amena. A azáfama parou por obrigação do covid. O motivo é mau, porém o resultado excelente. Fui até à varanda para saborear o final do dia. Um céu límpido, um ar tão puro que nos deixa a sensação de adocicado. O vento estava preso lá para os picos do fim do mundo. Tudo tão quieto! As árvores, tal como artistas de strip, iam deixando cair as suas últimas roupas, muito, muito devagar. A lua atrevida, mas mais bonita que nunca desafiava o sol que ainda brilhava no poente. Que silêncio magnífico se podia desfrutar! Que placidez! Que sossego! Ouviu-se ao longe uma criança rir, depois tagarelar e rir de novo. Um cão ladrou de uma varanda pressentindo algo. Era um amigo que pela trela, acompanhado do dono, vinha dar o seu passeio. Este retribuiu-lhe o cumprimento ...

Pestes anteriores à pandemia

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A Febre exantemática         Consta que em tempos já remotos, lá pelo ano de 1929, açulou esta região uma epidemia de tifo altamente transmissível e mortífera que dizimou e deixou em pânico toda a população.         O povo chamar-lhe-ia a “febre do piolho”. Ao que parece era uma espécie de tifo exantemático que matou muita gente.        Alarmado o padre Alírio vendo a população a sucumbir assustadoramente, sem esperanças, resolveu dirigir-se ao Porto com a finalidade de pedir auxílio às entidades de saúde e assistência. Não tendo, estas entidades, levado a sério o alerta de que era portador; talvez pela sua insistência, o bom padre chegou a ser detido, durante algum tempo, pelas autoridades. Porém vendo que não se calava, devolveram-no à liberdade e passado algum tempo mandaram averiguar a veracidade dos factos.        De seguida foram enviados para o...

Eterno Insatisfeito

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  Eterno Insatisfeito   Porque é que o homem será Um eterno insatisfeito? Feliz, ele nunca está Nada lhe corre a seu jeito.   Se tem saúde, não liga. Se está doente, ai Jesus! Se a luz, é muita desliga.      Prefere as trevas à luz.   Só deseja estar presente No lugar onde não está Se está calor, ai que quente! O frio, pior não há.   Se é pobre e está na miséria Dizem que tem alegria. É tudo uma grande léria. Ninguém é pobre hoje em dia.   Se é rico, às vezes diz Quem me dera não ter nada É bem certo, não condiz Esta grande trapalhada.                                                       AIDA  VIEGAS  

Eu Não Sou Ninguém

  Eu Não Sou Ninguém                 Não faz muito tempo que tendo sido convidada para participar num almoço de aniversário de um jornal semanal, regional, do qual eu era colaboradora na época, o director começou por se apresentar, pedindo aos convidados para lhe seguirem o exemplo, pela ordem em que se encontravam sentados à mesa.           A ronda foi seguindo, e cada um dos presentes, enunciando o seu nome dizia: ─ Sou fulano, presto tal tipo colaboração ao jornal, tenho tal profissão, nasci em tal lugar, e resido em tal sítio. Todos ouvíamos atentos e saudávamos cada um em particular. A certa altura chegou a vez de uma senhora, com um ar distinto, mas bastante modesto, que se levantou como os demais, e após um curto momento de silêncio, declarou:             ─ “Eu não sou ninguém,” não presto colaboração nenhuma. E d...

Oração de Acção de Graças

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“ Os filhos são uma bênção que devemos saber apreciar, bendizer e agradecer a Deus. Não são tão nossos como erradamente o julgamos, quando no ventre os carregamos ou no colo os embalamos, muito menos quando é hora de os deixar voar e seguir o seu destino e definitivamente, quando o seu voo nos transcende…” ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS Ó Senhor, nós Vos agradecemos a bênção de nos teres dado a nossa GUIDA e de, através dela, termos realizado, pela primeira vez, o nosso sonho de sermos pais; a bênção de vê-la crescer e lutar com determinação por tudo aquilo em que acreditava. Damos-Te graças, Senhor, por tantos dons maravilhosos com que a presenteaste e por tantos momentos bons que permitiste que vivêssemos juntos. Agora, Senhor, que nos pedis para a vermos partir, dá-nos forças para enfrentar esta tristeza infinda da despedida e superar a sua ausência.  Pedimos-TE¸ Senhor, com toda a esperança e fé que a recebas no Teu seio de Pai amantíssimo. Pedimos-Te igualmente que tran...

A Andorinha da Sé

A andorinha da Sé Era Domingo, dia de Baptismos, dia da Mãe e dia da primeira comunhão na Sé de Aveiro. Cento e vinte crianças receberam pela primeira vez a Hóstia Consagrada. Mês de Maio, dia bonito para uma andorinha vir visitar a Igreja Catedral. Decerto não era apenas a curiosidade que a movia, embora não esteja fora de questão o facto de ela pretender saber como os cristãos louvam o seu Deus num dia tão especial. Cremos porém, que para além da curiosidade ela entrara porque era portadora de uma mensagem não só para as crianças mas também para todos os crentes. Não era a primeira vez que víamos um passarinho entrar na igreja e por ali se demorar alguns momentos. Quando chegámos por volta das onze e quarenta, para a missa do meio-dia deparámos com a avezita voando aflita, num rodopio, de um extremo ao outro das naves laterais, depois inflectindo sobre a nave central, virando, revirando em voltas e reviravoltas exau...

Olá Manela

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Olá Manela Olá Manela Espero que ontem tudo tenha corrido bem. Gostaria de ter continuado convosco, mas, não podia deixar de estar presente na despedida daquela amiga, que partia para sempre. Muito gostaria que tivessem acedido ao meu convite para merendarem comigo. Quis fazer-vos uma surpresa, pura ingenuidade, esqueci-me que sois pessoas muito ocupadas. Paciência. É que, mandei alindar a minha casa para vos receber, eu própria a enfeitei a preceito, ordenei a todas as rosas do meu jardim que desabrochassem para vos encantarem com a beleza e o colorido das suas pétalas e vos inebriarem com o seu magnífico perfume. E por falar em perfume, também os jasmins, as madressilvas e as flores das laranjeiras exalavam aromas estonteantes pelos caminhos, que silenciosos vos aguardavam. Silenciosos; porque iriam convosco escutar, um concerto deslumbrante que encomendei a todas as aves moradoras no meu quintal: melros, rolas, cotovias, pintassilgos, rouxinóis, pintarroxos, ando...

Dia Mundial do Livro

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DIA MUNDIAL DO LIVRO – 24 – 4 - 2020                                 Em homenagem ao livro, um bem precioso, para mim,                                          vou partilhar a apresentação desta minha obra                     Tal como pingos de chuva em terra seca, que surgem e logo são absorvidos, eis alguns momentos fotografados pela lente da emoção e guardados no álbum das recordações. Curtas vivências relatadas e ouvidas numa atitude de cumplicidade, de pessoas que gostam de comunicar e partilhar. Histórias de algibeira para serem lidas num cadeirão, com um grande balde de pipocas, ou numa esplanada à beira mar, diante de uma cerveja geladinha e um prato de tremoços. Nesta altura, no sofá com um petisco na frente.    ...

Livro - OLIVEIRA DO BAIRRO_ Memórias de Um Século - Aida Viegas

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CAROS AMIGOS  Acabei de partilhar convosco (deste livro que editei em 1994) o capítulo da Páscoa, num reviver de tempos idos e na ocupação de tempos presentes. Ao folheá-lo e ao ler certos textos, eu própria fiquei admirada com as diferenças que encontrei comparando os 26 anos que entretanto passaram. Deixo-vos aqui o índice onde podereis ler os temas tratados e se porventura alguém estiver interessado em adquirir um destes livros eu ainda tenho bem reservados uma dúzia deles que poderei enviar à cobrança pelo preço de 12.50 euros, com transporte incluído. Basta para tal que me enviem o pedido com a vossa morada postal completa. Estou certa que muitos de vós ireis gostar de o ler e até de o recomendar ou oferecer a algum amigo. Aida Viegas (O livro tem ilustrações com fotos antigas e desenhos da autora) ÍNDICE PREFÁCIO --------------------------------------------- 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA------------------------------- 5 BREVE RESENHA HISTÓRICA-...