A TÍLIA DA MINHA RUA
No dobrar da esquina existe um banco. A seu lado, espraia-se
uma tília grande como um gigante que muda de indumentária muitas vezes por ano.
Deita mão de tecidos diversos.
Veste-se de fina cambraia por meados de Março, cambraia de
um verde tenro, acabado de pintar.
Em Maio é de popelina o seu vistoso vestido, enfeitado com
folhos.
Junho adiantado usa saia e casaco, com florinhas brancas
estampadas.
Finais de Agosto, enverga um camiseiro onde, num fundo verde
forte, ressaltam bolinhas bordadas, de um creme acastanhado.
Setembro a dentro, usa calça e colete em tons de amarelo e castanho.
Em Novembro já ensaia o fato de gala para as festas de fim
de ano; é de cinza prateado, decotado e de alcinhas.
Vaidosa, vistosa e curiosa é esta a tília que mora ao dobrar
da esquina da minha rua.
Aida Viegas

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