Partilho com todas as Mães este Presente que me foi ofertado, junto com uma flor do meu jardim desejando que tenham um excelente Dia da Mãe.


Presente Inesperado


Indo eu serena e calma

Passeando à beira mar

Vi um baile de gaivotas

Como nunca vira tal

Eram tantas, tantas, tantas

Mais parecia um festival

Um festival de estrelas

Estrelas cadentes fugidas

Do complexo astral.


O céu estava pedernento

O sol espreitava medroso

O mar estava cinzento

E o vento donairoso.

E entre o céu e o mar

Por ali, em revoada

O bando andava a pairar

Em gorjeios e requebros

De estranha coreografia.

Iam e vinham ligeiras

Cruzavam-se sorrateiras

Adejando de alegria.

Subiam agora, leves

Mais leves que o puro ar

Revolteavam e vinham

Airosas a areia beijar.


Mas eram tantas, tão lindas

Projectadas na paisagem

Que olhá-las embevecida

Mais parecia uma miragem.


Quedei-me a fotografá-las

Na retina dos meus olhos

E a gravar no coração

Aquela recordação

Pra depois poder revê-la

Quando a vida é só abrolhos

Ou o tempo solidão.


Num momento começaram

Pouco a pouco, lentamente

A pousar, uma atrás de outra

Bem ali à minha frente.



Por minutos lá estiveram

Juntinhas, passarinhando

Como actores aguardando

Um aplauso final.


Eu aplaudi calada

Tão contente, tão honrada

Tão ciente que foi só

Para mim que elas dançaram

Num doce arrebatamento.


E eu agradeci aos céus

Por ter sido assim brindada

E no profundo dos meus olhos

Guardei mais um tesouro

Com a alma deslumbrada.

E junto à praia, feliz

Prossegui a caminhada.

Aida Viegas

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