AMENTAR DAS ALMAS
(terminar dos dois textos anteriores)
Aida Viegas (in OLIVEIRA DO BAIRRO - MEMÒRIAS DE UM SÉCULO) 1994
(terminar dos dois textos anteriores)
O amentar
das almas caiu no esquecimento por alguns anos, mas foi retomado em Malhapão,
onde o seu uso era dos mais antigos, por um grupo de homens crentes com gosto
pelo canto e pela música, que procuraram seguir os passos dos seus
antepassados.
Como na
altura não encontrassem ninguém conhecedor da letra antigamente usada,
arranjaram quem recriasse uns versos adequados e foi com letra de António
Fresco e uma adaptação da música que andava ainda no ouvido de muitos, que se
reorganizaram.
As quadras
cantadas por este último grupo de Malhapão são as que se seguem:
Ó almas que
estais dormindo
Nesse sono
tão profundo
Acordai e
rezai
Às almas do
outro mundo.
Rezai mais
um Pai Nosso
E também uma
Avé Maria
Pelas almas
deste ramo
E de toda a
freguesia.
Se o teu
coração sente
Quanto custa
o sofrer
Deixa as
vaidades do mundo
Lembra-te
que hás-de morrer.
Rezai a Salvé
Rainha
À Virgem
Nossa Senhora
Pra que na
hora da morte
Seja a nossa
protectora.
A vida que
tu adoras
Vai correndo
para a morte
E depois a
tua alma
Irá ter uma
negra morte.
Recorda-te ó
bom cristão
Os escravos
lançaram à cruz
Uns espinhos
tão agudos
Na cabeça de
Jesus.
Toca a
campainha três vezes, reza-se o Pai nosso e a Avé Maria. Toca a campainha três
vezes, toca o saxofone a solo.
Todavia
volvidos quatro anos, recomeçou, de novo, o silêncio pois o grupo não mais
conseguiu reunir-se; cremos porém que em breve irá retomar-se a tradição.
Aida Viegas (in OLIVEIRA DO BAIRRO - MEMÒRIAS DE UM SÉCULO) 1994
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