PRENDAS DE NATAL Naquele ano a consoada era, como habitualmente, em casa da Avó Matilde e do Avô João, tinha porém uma particularidade, pois toda a família estava reunida: os seus quatro filhos, genros, noras e os seis netos. Era uma casa cheia. Quanta alegria! Quanta azáfama! A sala já quase não chegava para albergar a todos, mas, com jeito, lá se acomodaram à roda da grande mesa. Na cozinha o bacalhau fumegava, os fritos rescendiam a canela, um misto de aromas espalhava-se por toda a casa misturado com o chocalhar dos risos das crianças, os cantos natalícios e o piscar das luzinhas. Sobre o aparador, o presépio com apenas quatro figuras: o Anjo, S. José. Nª. Senhora e o Menino. Para os pastores e os reis magos não houv...
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NATAL DE ONTEM E DE HOJE Noutros tempos, nas nossas aldeias, o Natal era uma festa que se restringia quase exclusivamente a práticas religiosas à volta da igreja; festa singela mas talvez mais fiel ao seu verdadeiro significado que nos nossos dias. Começava-se a preparação do Natal com o início das novenas ao Menino Jesus em todos ou quase todos os lugares. Nos nove dias que antecediam a noite de vinte e quatro de Dezembro, homens, mulheres e crianças reuniam-se nas capelas ou igrejas para juntos rezar e cantar em louvor do Deus Menino, preparando-se assim para o seu nascimento. Era grande a devoção com que o povo acorria às novenas só ficando em casa os descrentes ou impossibilitados. Em algumas terras nunca esta prática foi posta de parte, noutras, caiu no esquecimento, mas dentre estas há algumas que estão a retomar a tradição. Deixamos aqui algumas quadras dos cânticos mais populares, entoados no decorrer das novenas do Menino, nas noites frias de Dezembro. E...
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A Prosápia do Carteiro Por aquelas bandas, aliás como quase por todo o país, ao tempo, os carteiros, tinham-se na conta de sabedores, já porque encontravam no seu percurso de zona de distribuição muitos analfabetos, já porque sabiam muito da vida das pessoas, quer pela correspondência que elas sistematicamente recebiam, quer pelas conversas que eles travavam e ouviam. Naquele dia encontrava-se um grupo de amigos à conversa num café lá da terra, e nesse grupo incluía-se um casal que acabara de chegar, depois de ter passado muito tempo em África. Estavam entretidos conversando quando chegou o carteiro, homem de meia-idade, estimado e muito senhor da sua posição privilegiada, entre os populares. Com posse e cortesia estudadas, começou a cumprimentar todas as pessoas, apertando-lhes a mão. Chegada a vez do dito casal, presente no grupo, o homem, aperta a mão à senhora dizendo-lhe: ─ Como está dona Celeste? De seguida, sempre altaneiro, dirigiu-se ao ...
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O Taleigo Quando chegava o mês de Agosto íamos sempre para a quinta da avó, em S. Cláudio do Barco, entre as Taipas e o Briteiro, passar as férias grandes. Havia um caseiro que cuidava daquela quinta, e outro que estava numa propriedade mais pequenina, sendo este último sapateiro de profissão, e casado com uma senhora chamada Belém, senhora essa, que tinha sido criada dos meus avós. Conheceram-se ali no trabalho, apaixonaram-se e casaram, tendo ido viver numa casinha, que existia nessa dita propriedade. Esses caseiros eram muito amigos dos meninos da casa, justamente pela Belém ter sido criada da família. Ora este simpático casal de quem todos nós gostávamos muito, adoravam contar-nos episódios de almas do outro mundo, que nós ouvíamos extasiados. Eu e meus quatro irmãos rapazes, fazíamos muita chacota dessas histórias, onde sistematicamente aconteciam muitas coisas estranhas, que quem as contava afirmava terem sido reais; não obstante, gost...
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Galo do Pescoço Pelado Esta é uma das minhas vivências de pequenita; eu era a mais nova de quatro irmãos, tinha uma irmã que era muito ladina, muito, muito, mais do que eu. Tínhamos uma grande casa de lavoura, com muitos animais, fui criada nesse ambiente, um ambiente maravilhoso de que gostava muito, e de que tenho muitas saudades! Muitas saudades! Foi esse ambiente que me deu vivências maravilhosas, para toda a minha vida. Tínhamos muitas galinhas, vacas, porcos, cães, gatos, burros éguas, tudo isso. Na casa onde vivíamos, a capoeira ficava por trás, num quintal grande. Todos os anos, a minha avó dizia: ─ Vamos deitar as galinhas. Deitar as galinhas era por as galinhas no choco, e costumavam chamar-lhe as pitas. ─ Vamos por a pita choca no cesto. ─ Dizia a minha avó, certa de que os netos a seguiam, numa festa. Num cesto grande, daqueles das vindimas, preparávamos um...
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DE MALA AVIADA Com a aventura na alma e a poesia no coração Hoje sinto uma alegria incomensurável por tudo o que já me foi permitido ver, admirar e desfrutar e embora saiba que pouco conheço do mundo, porque o tempo é fugaz e a vida condicionada, a lista das visitas já vai longa: 1 Guiné Bissau 2 Angola 3 Moçambique 4 Cabo Verde 5 S. Tomé e Príncipe 6 Madeira 7 Espanha 8 África do Sul 9 França 10 Alemanha 11 Bélgica 12 Suiça 13 Itália 14 Andorra 15 Ceuta 16 Brasil 17 Canadá 18 Gibraltar 19 Israel 20 Áustria 21 Tunísia 22 México 23 Tailândia 24 Inglaterra 25 Finlândia ...
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(do livro DE MALA AVIADA) Moçambique 3 Ainda antes de terminar o primeiro ano da minha estada em Angola, parti de Luanda, com meu marido e minha filha de dois meses, num avião da Força Aérea Portuguesa, rumo a Lourenço Marques para aí festejarmos, junto com minha Irmã e Cunhado, no distinto Hotel Polana, o comum primeiro aniversário de nossos casamentos. Ficámos encantados com a capital, de Moçambique, hoje Maputo. Além da cidade visitámos a Matola e a Namaacha, a Sintra lá do sítio, belíssima. De Lourenço Marques para Inhambane, atravessámos o rio Limpopo numa jangada onde seguiam pessoas, animais e veículos, puxada ao longo de um entrançado de cordas, presas de um a outro lado das margens do rio, por um número considerável de homens negros, que entoavam um canto cadenciado que lhes dava força e marcava o ritmo. Pude ver (in loco) a célebr...
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( do livro DE MALA AVIADA - Com a aventura na alma e a poesia no coração) S. Tomé e Principe 5 O navio lançou ferro ao largo. Não havia maneira de nos aproximarmos da costa. Uns barquitos pequenos nos transportaram até ao cais, não mais que uma pequena plataforma, penso que, em madeira. Não foi fácil encarar aquela travessia mas o que se nos deparou compensou o desconforto e o medo. A ilha era um autêntico paraíso. Depois de visitarmos várias roças de café, cacau e palmares ficámos convictos de que seriam ali as nossas próximas férias, de licença graciosa. Que maravilha! Como se vivia bem naquele rincão! Quando porém trinta anos mais tarde nos convidaram para irmos a S. Tomé à inauguração do empreendimento turístico do Ilhéu das Rolas que curiosamente foi desenhado por meu filho, num gabinete de arquitectura, em Portugal, não imaginávamos o desgosto e o desanimo que nos esperava ao ver S. Tomé totalmente deitada ao a...