A primitiva capela de Santo António
A primitiva capela de Santo
António
A capela mais antiga de
que há memória, nestas terras, era uma pequena ermida dedicada a Santo António
e situada no Corgo do Seixo de Baixo, onde hoje se ergue a igreja paroquial.
Foi mandada construir nos princípios do século XIX, pela família Ribeiro,
natural do Corgo Seixo de Cima, possuidora de muitos dos terrenos desta zona,
para, nessa capelinha, poder rezar a sua primeira missa, Isac, seu filho, o
qual não sabemos se chegou a ser ordenado sacerdote.
Os donos permitiam que o
povo prestasse culto na capela que, embora sendo pequena, tinha um espaço
estritamente reservado aos membros da família. Lembram-se algumas pessoas que
era frequente, os garotos, com a irreverência própria da idade, invadirem
algumas vezes, esse espaço, criando situações de constrangimento.
Os terrenos da família
Ribeiro foram progressivamente sendo vendidos, ficando a família Sérgios com
uma parte, onde se situava a capelinha, sendo esta, mais tarde, cedida à
paróquia, já pela família dos Sérgios, naturais da Quintã. Esta família que passou
a residir em Aveiro, continuou durante muitos anos, para manter a tradição, a
vir ali assistir à missa, no dia de Natal.
Após a aquisição de mais
algum terreno, a capela foi ampliada, estendendo-se para os fundos, ficando
nessa altura com a capela-mor destinada aos homens, sendo esta separada por um
gradeamento, da capela do fundo, onde ficavam as mulheres, dado que nessa
época, os dois géneros não se juntavam em tempo de oração. Tempos depois foi
construída uma pequena sala, a par da antiga ermida, e mais tarde, com a
aquisição de mais terreno, construiu-se um salão paroquial, já com dimensões
consideráveis, que serviu a população durante vários anos. Quando desta
construção, o dono do terreno para onde a capela foi alargada era Manuel
Santos.
Durante o período em que
grassou por aqui o tifo exantemático, a antiga capela foi transformada em
enfermaria, para aí serem acolhidas e tratadas as mulheres, enquanto os homens,
eram acamados nos barracões, ali montados para o efeito. Entretanto, a missa era
rezada na sala de uma casa particular, tendo aí lugar também, outros actos de
culto.
Foi-nos dito que a
primeira imagem de Santo António que aqui chegou, veio do Brasil, há muitos
anos atrás, talvez uns trezentos, possivelmente pelas mãos de um emigrante. Era
uma pequena imagem em madeira com uns 60 centímetros de altura. O saudoso padre
Creoulo teve a feliz ideia de mandar fazer uma cópia dessa imagem em ponto
grande, para a fachada da igreja. Esta foi feita em estilo moderno, enquadrada
na corrente artística da época, tida pelos entendidos com grande valor
artístico, sendo do mesmo estilo as duas outras imagens, do Sagrado Coração de
Jesus e do Sagrado Coração de Maria que se encontram no interior do templo.
Durante alguns anos a
imagem do Padroeiro que integrava a procissão nos dias de festa era uma que foi
oferecida ao Lar de Santo António e ainda hoje aí permanece, a qual lá se ia
buscar em cortejo.
Mais tarde foi mandada
fazer a imagem de Santo António que hoje se encontra no interior da igreja, num
estilo diferente das demais, sendo esta que hoje em dia sai na procissão.
♣
Existiu na Quintã, uma outra capelinha
particular, dedicada a Nª Sª dos Remédios, onde a juventude dos lugares
próximos ia aos Domingos, à laia de passeio, fazer novenas e pagar promessas.
Aquele era lugar de eleição para os jovens se mostrarem e se encontrarem e
bastava as raparigas, e até mesmo os rapazes, dizerem aos pais que iam à Sª dos
Remédios para obterem licença imediata para se ausentarem de casa.
No
dia da padroeira realizava-se ali uma grande festa anual, muito concorrida que
rivalizava com as festas da vizinhança.
Era
proprietário da capelinha António Domingues, que a mandou construir junto de
sua casa. Homem de dinheiro, quando jovem chegou a frequentar o seminário, mas
não concluiu esses estudos. Devido a certos diferendos entre o proprietário e o
Bispo, a dada altura, a capela acabou por ser fechada ao culto. Por morte de
António Domingues o terreno com a respectiva construção foi vendido e a capela demolida,
sendo a imagem da Nª Sª dos Remédios, oferecida pelos novos proprietários, ao
Lar de Santo António, onde permanece.
(in Santo António - A Freguesia e o Padroeiro) - de Aida Viegas

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