TOQUE A FINADOS

 

Ouvi tocar a finados mas era um toque diferente de todos os que já ouvira. Não sei que tinha de estranho; acordou-me, era manhã e deixou-me triste e ansiosa.

Ouvira rumores de uma sentença de morte nas imediações mas nem quisera acreditar. Pessoas letradas, já com bastantes anos de experiência não embarcariam no aplauso de um acto tão impensado e prejudicial.

Levantei-me de supetão porque a inquietação se sobrepunha ao calor aconchegante da cama.

Quando saí à rua, algum tempo depois, deparei-me com o inacreditável. Uma vetusta e muito bela árvore, mais uma, havia tombado à força da motosserra, levando consigo, uma amiga, sua vizinha que com o embate sucumbiu também.

Lá iam as duas em dois camiões, para a queima ou lixeira, deixando mais pobre a nossa rua, o nosso jardim, já tão entristecido com os derrubes anteriores. Ficou, no chão dorido, um cepo largo, grande, tão grande que metia dó. E um espaço calvo, triste, tão triste como eu….

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