(do Livro "DE MALA AVIADA")
3 Moçambique
Ainda antes de
terminar o primeiro ano da minha estada em Angola, parti de Luanda, com meu
marido e minha filha de dois meses, num avião da Força Aérea Portuguesa, rumo a
Lourenço Marques para aí festejarmos, junto com minha Irmã e Cunhado, no
distinto Hotel Polana, o comum primeiro aniversário de nossos casamentos. Ficámos
encantados com a capital, de Moçambique, hoje Maputo. Além da cidade visitámos a
Matola e a Namaacha, a Sintra lá do sítio, belíssima.
De Lourenço
Marques para Inhambane, atravessámos o rio Limpopo numa jangada onde seguiam
pessoas, animais e veículos, puxada ao longo de um entrançado de cordas, presas
de um a outro lado das margens do rio, por um número considerável de homens
negros, que entoavam um canto cadenciado que lhes dava força e marcava o ritmo.
Pude ver (in loco) a célebre linha de caminho de ferro, de Inhambane a
Inhanrime, cujo nome havia decorado na quarta classe, e estivemos no Xai-Xai.
Durante a
nossa permanência em Inhambane, pescámos e banhámo-nos nas cálidas águas do
Índico, na romântica praia do Togo.
Na viagem de
regresso a Angola, tivemos a honra de ter um avião e toda a sua tripulação,
apenas ao nosso serviço; meu marido minha filhinha e eu éramos os únicos
passageiros a bordo.
A essa terra
voltaríamos várias outras vezes, visitando a cidade da Beira e outros locais,
tendo a última vez, sido em cumprimento de um doloroso dever: a despedida de
meu Pai, após o seu falecimento e antes do seu regresso à sua e minha terra,
onde repousa. Cumpriu-se o seu desejo de não morrer em Portugal.
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