ELEIÇÕES
Após o vinte e cinco de Abril de
setenta e quatro, tendo Berta regressado de Angola, veio residir para a sua
terra natal, uma aldeia do centro do país.
Ao serem decretadas as primeiras
eleições livres, foi instalada uma mesa de voto na escola lá da aldeia. Entre
os membros da mesa, encontrava-se um cavalheiro como presidente, que há alguns
anos viera do Porto residir na aldeia vizinha cujos eleitores ali iriam votar.
Berta dirigiu-se pois ao presidente
da mesa a quem entregou o seu bilhete de identidade e seu cartão de eleitora.
Este após conferir ambos pelas lista de eleitores, com ar solene interroga a
eleitora:
Sabe ler?
Qualquer coisita, foi a resposta
pronta de Berta.
Pode dirigir-se à mesa de voto,
acrescentou o presidente, entregando-lhe o boletim.
Berta com apenas um ligeiro sorriso
recebeu o impresso e voltou costas.
De regresso, o homem não sabia, como
desculpar-se. O riso era geral. Só ele estava deveras encabulado. Berta era a
professora titular naquela escola há vários anos além de desempenhar também o
cargo de directora da mesma.
Aida Viegas
Comentários