( do livro SANTO ANTÒNIO A FREGUESIA E O PADROEIRO)
                                                               Aida Viegas

Do Dicionário Chorographico de Portugal Continental e Insular, da autoria de Américo Costa, publicado em 1943, transcrevemos algumas partes das suas páginas: 10, 11, 12, 13 e 14.

              A vila de Vagos, na antiga com. de Esgueira, de que foram donatários os condes de Aveiras, depois marqueses de Vagos, teve sempre uma só freguesia, da invocação de Sant’Iago Maior; foi primeiro vig. do padroado real, depois do convento de S. Marcos do Campo, da Ordem dos Jerónimos, e, mais tarde, constituiu priorado independente.

              Pertencia, em 1840, ao extinto conc. de Sosa.

              É povoação muito antiga. Nos fins da Idade Média devia ser centro de relativa importância, segundo se infere do facto de denominar-se de Vagos a porta das muralhas de Aveiro, que se abria ao sul. Além disso, ainda há pouco existia uma ponte sobre um ribeiro que desagua junto desta vila, conhecida desde tempos recuados por Ponte de Vagos.

              A topografia do local, por sua vez, segundo opina o Comandante Rocha e Pina, parece mostrar que em tempos existiu ali um pequeno golfo aberto ao N. O., bem abrigado dos ventos, porventura frequentado pela navegação marítima. Em redor, desde o séc. XVI ao XVII, houve numerosas salinas.

              D. Manuel deu foral a esta vila, datado de Lisboa, a 14 de Agosto de 1511. (Livro de Forais Novos da Estremadura, fl. 77 v., col. I). Segundo o Cadastro de 1527, da Estremadura, a vila de Vagos era de João da Silva, Regedor (Regedor velho) e tinha 100 vizinhos dentro dela e 18 no termo, na aldeia de Covão do Lobo; o seu termo estendia-se duas léguas para a parte da vila de Cantanhede. E dois tiros de besta para o lado de Sosa; partia com o mar e com o rio que o cercava (o termo).

              Diz o P. Carvalho (1708) que havia em Vagos as seguintes ermidas: N. Sra. da Conceição, imagem milagrosa e de grande concurso de romeiros; S. Sebastião, Espírito Santo e Casa da Misericórdia. Era abundante em milho, feijão, cebola, bons melões e melancias; tinha juiz ordinário, vereadores, um procurador de concelho, escrivão da Câmara, juiz dos órfãos com seu escrivão, dois tabeliães do judicial e notas, um alcaide e uma companhia de ordenanças.

              A vila, constituída por casas modestas na sua maior parte, mas todas caiadas, estende-se ao longo da estrada. Parte dos habitantes exerce a sua actividade na fábrica da Vista Alegre, e outros dedicam-se à faina dos campos rasos e férteis que a circundam do lado poente, sobre a plataforma peninsular da Gafanha.

              Ao entrar a Primavera, as terras cobrem-se de flores de trevo (para as azotar), de pequeninos montes de adubos para as culturas e de manchas brancas e escuras de vacas de raça holandesa. O cheiro da maresia e o sussurro do mar fazem-se sentir por vezes naquela verde paisagem campestre.

              Os paços do concelho são a antiga casa dos viscondes de Valdemouro, edifício sem interesse, mas do qual se abarca largo panorama sobre o braço terminal da ria.

              É considerável o movimento de moliceiros na ponte de Fareja e no cais do Boco, onde são desembarcados os adubos para a zona agrícola do sul do concelho.

              Os campos de Ouca, situados ao sueste de Vagos, de charneca infecunda que eram, foram, em meados do século passado, transformados em férteis arrozais.

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