Entremez
Na mesma ocasião, também foram levados à cena um entremez (diálogo
jocoso entre um comerciante e o seu aprendiz) e uma outra peça. Destes apenas
conseguimos recolher alguns fragmentos dispersos, três quadras de um e duas
sextilhas da outra. Soubemos, no entanto, que fizeram parte do mesmo programa e
foram apresentados no mesmo dia e no mesmo local, sendo a música de um e de
outro ainda lembrada.
(comerciante)
Vendo café sem bolota
Bom presunto e bom toucinho
(aprendiz)
Até já tacões de bota
Lhe vi deitar no moinho.
(comerciante)
Manteiga da boa, eu vendo
A mais barata de Ruivães.
(aprendiz)
Feita de sabão de amêndoa
Que até mete nojo aos cães.
(comerciante)
Chouriço coisa afamada
De Arraiolos obra pura
(aprendiz)
São feitos pela criada
Com seu ratito à mistura.
(sextilhas da peça)
Ramos meu querido Ramos
Por mim foste p’rá prisão
E ainda hoje estás aí
Não me percas o sentido
Tu vê se casas comigo
Estou desflorada de ti.
Nas grades desta prisão
Estala meu coração
Por pecar louco de amor
Eu não te perco o sentido
Sou teu futuro marido.
Eu sou ramo e tu, flor.
A tradição da representação teatral manteve-se com altos e baixos ao
longo dos anos, visando, o divertimento e a ocupação das pessoas, para além de
uma certa dose de crítica social, passando mais tarde a ter funções didácticas
e formativas.
Entre as peças apresentadas nos últimos tempos destacam-se “A Rosa do
Adro”, “A Filha do Mar” e “O Processo de Jesus” tendo este sido levado à cena em
1976 e exibido não só em Santo António, mas também em Calvão, Fonte de Angeão e
Ouca. O ensaiador foi Dario da Rocha Martins.
Sabemos que entrou muita gente de diversas idades.
(in Santo António a Freguesia e o Padroeiro)
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