Ditos     Populares
 
              Eis alguns exemplos de uma característica muito comum, o modo errado, mas curioso, de algumas pessoas mais antigas e que não tiveram acesso à instrução dizerem os tempos dos verbos.
              Assim:
              Em vez de, fui, dizem: - No fuim eu que fiz isso.
              Em vez de, assisti, dizem: - No assistim a essa festa.
              Em vez de, vi, dizem: - Eu no vim essa comédia.
              Em vez de, fiz, dizem: - Eu fins tudo direitinho.
              Em vez de, estive, dizem: – Estinve cá onte.
              Em vez de, eu soube, dizem: – Eu sumbe logo que era assim.
              Em vez de, tu não puseste, dizem: – Tu no poste lá o prato. 
              Em vez de, fizeste, dizem: – Tu é que fazeste isso, Maria?
              Em vez de, fomos, dizem: – Nós fonos lá todos.
              Em vez de, ficaram, dizem: – Eles fecaram tristes.
              Depois:
              Em vez de, até, dizem: - Inté
              Em vez de, depois, dizem: -  Ospois
              Em vez de, vou, dizem: - Bo
              Em vez de, mais a, dizem: maila
              Seguem-se algumas expressões idiomáticas, talvez não totalmente restritas a esta zona, mas aqui usadas e em vias de extinção.
              “Amanhar a terra.”- (cultivar a terra)
              “Andar numa fona.” - (andar apressada)
              “Andar à garreia.” - (guerrear um com o outro)
              “Andar no lairó.” - (andar na boa vai ela)
              “Atestar o copo.” - (encher o copo)
              “Arrotar postas de pescada.” - (gabar-se)
             “À cata de.” - (à procura de)
              “À falsa fé.” - (sem ser esperado)
              “Charriscar um fósforo.” - (acender um fósforo)
              “Dar às de vila Diogo.” - (fugir)
              “Desta banda.” - (deste lado)
               “Demóino se suma.” “Demóino se perca.” - (desapareça o diabo)
               “És aqui di Bagos?” - (nasceste aqui?)
               “Estar em riba de.” - (estar em cima de)
               “Esfolar-te vivo.” - (castigar-te)
              “Ficar tudo em águas de bacalhau.” - (ficar sem efeito)
              “Foi lá o cabo dos trabalhos.” - (foi uma grande confusão)
               “Ir ao rabusco.” - (apanhar o que ficou esquecido)
               “Isto é só o pano da amostra.” - (isto é apenas um exemplo)
               “Levas uma tapona demoche” - (levas uma palmada, diabito)
               “O menino está à labarô.” - (ao léu, com pouca roupa, descoberto, nu.)
              “Quanto bonda!” - (quanto baste)
               “Uma cozinha de comer.” - (a cozinha mais nova)  
               “Vens de rapóla” - (sem companhia, sem namorado)
              E a mais curiosa: Queres dinheiro? Aonde pensas que o vou buscar? Aos “cotos da            alhandra”, não? - “cotos da alhandra”- (local onde presumivelmente havia dinheiro). 

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