Os sons da minha rua num dia de confinamento
Os sons da minha rua num dia de confinamento (Hoje chegou a primavera e tudo mudou) É outono, aquela estação que eu detestava, por me lembrar o fim do verão e a chegada do inverno, mas que hoje aprecio. A tarde está serena e calma, com uma temperatura amena. A azáfama parou por obrigação do covid. O motivo é mau, porém o resultado excelente. Fui até à varanda para saborear o final do dia. Um céu límpido, um ar tão puro que nos deixa a sensação de adocicado. O vento estava preso lá para os picos do fim do mundo. Tudo tão quieto! As árvores, tal como artistas de strip, iam deixando cair as suas últimas roupas, muito, muito devagar. A lua atrevida, mas mais bonita que nunca desafiava o sol que ainda brilhava no poente. Que silêncio magnífico se podia desfrutar! Que placidez! Que sossego! Ouviu-se ao longe uma criança rir, depois tagarelar e rir de novo. Um cão ladrou de uma varanda pressentindo algo. Era um amigo que pela trela, acompanhado do dono, vinha dar o seu pas...