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A mostrar mensagens de novembro, 2020
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A Tília da minha rua   A TÍLIA DA MINHA RUA No dobrar da esquina existe um banco. A seu lado, espraia-se uma tília grande como um gigante que muda de indumentária muitas vezes por ano. Deita mão de tecidos diversos. Veste-se de fina cambraia por meados de Março, cambraia de um verde tenro, acabado de pintar. Em Maio é de popelina o seu vistoso vestido, enfeitado com folhos. Junho adiantado usa saia e casaco, com florinhas brancas estampadas. Finais de Agosto, enverga um camiseiro onde, num fundo verde forte, ressaltam bolinhas bordadas, de um creme acastanhado. Setembro a dentro, usa calça e colete em tons de amarelo e castanho. Em Novembro já ensaia o fato de gala para as festas de fim de ano; é de cinza prateado, decotado e de alcinhas. Vaidosa, vistosa e curiosa é esta a tília que mora ao dobrar da esquina da minha rua.                                         ...
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  Os sons da minha rua num dia de confinamento É outono, aquela estação que eu detestava, por me lembrar o fim do verão e a chegada do inverno, mas que hoje aprecio. A tarde está serena e calma, com uma temperatura amena. A azáfama parou por obrigação do covid. O motivo é mau, porém o resultado excelente. Fui até à varanda para saborear o final do dia. Um céu límpido, um ar tão puro que nos deixa a sensação de adocicado. O vento estava preso lá para os picos do fim do mundo. Tudo tão quieto! As árvores, tal como artistas de strip, iam deixando cair as suas últimas roupas, muito, muito devagar. A lua atrevida, mas mais bonita que nunca desafiava o sol que ainda brilhava no poente. Que silêncio magnífico se podia desfrutar! Que placidez! Que sossego! Ouviu-se ao longe uma criança rir, depois tagarelar e rir de novo. Um cão ladrou de uma varanda pressentindo algo. Era um amigo que pela trela, acompanhado do dono, vinha dar o seu passeio. Este retribuiu-lhe o cumprimento ...

Pestes anteriores à pandemia

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A Febre exantemática         Consta que em tempos já remotos, lá pelo ano de 1929, açulou esta região uma epidemia de tifo altamente transmissível e mortífera que dizimou e deixou em pânico toda a população.         O povo chamar-lhe-ia a “febre do piolho”. Ao que parece era uma espécie de tifo exantemático que matou muita gente.        Alarmado o padre Alírio vendo a população a sucumbir assustadoramente, sem esperanças, resolveu dirigir-se ao Porto com a finalidade de pedir auxílio às entidades de saúde e assistência. Não tendo, estas entidades, levado a sério o alerta de que era portador; talvez pela sua insistência, o bom padre chegou a ser detido, durante algum tempo, pelas autoridades. Porém vendo que não se calava, devolveram-no à liberdade e passado algum tempo mandaram averiguar a veracidade dos factos.        De seguida foram enviados para o...