O BANDOLIM DE JOSÉ CARLOS
           

            José Caetano de Oliveira, nascido em Malhapão a 27 de Abril de 1898, tendo por apelido de família Carlos, era na verdade conhecido por Zé Carlos. Foi, com mais dois ou três elementos, fundador da Tuna de Malhapão, no princípio do século vinte, por volta de 1919, a qual teve como é natural, altos e baixos, estando mesmo algum tempo inactiva, quando o seu fundador já não fazia parte dela. Retomou, porém, logo de seguida a sua actividade, mantendo-se operante até ao final do século vinte. Foi como todos os grupos do seu tempo importante no desenvolvimento cultural da região, onde abrilhantava festas e romarias: acompanhando procissões, cantando missas, fazendo arruadas e espalhando música e alegria por todas as povoações ao redor.
             José Carlos, muito jovem, começou a tocar bandolim e desde então não mais se separou do seu instrumento com o qual tocava e cantava animando todos os que dele se abeiravam e levando atrás de si pequenas multidões. Não havia festa nas redondezas onde ele não aparecesse, convidado ou não, a tocar e a cantar, terminando a animação altas horas da noite, num qualquer recanto ou cabanal onde o sono vencia tocadores, dançarinos e cantores. Promoveu em sua própria casa muitos bailaricos, os quais animava tocando com seus amigos.
            Este é pois o seu bandolim, que cansado de esperar por outras mãos que tangessem suas cordas, se entregou ao fim de cem anos, à tristeza do abandono.
 
                                   Elementos cedidos por sua filha

                                                              Aida Viegas

                       Para o museu da música do Troviscal.

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