Do livro "Malhapão Rico - Confidências à Sombra do Sobreiro" O Baile das Inspecções. O Baile da Inspecções teve a sua origem com a paragem dos peregrinos vindos das bandas de Mira e Cantanhede, que iam à Senhora da Saúde a Fermentelos pagar as suas promessas, no dia 15 de Agosto, dia da Assunção de Nossa Senhora, dia Santo de Guarda e feriado nacional durante muitos anos. No início, as mulheres transportavam os seus farnéis à cabeça, em cestos tapados, de verga colorida, com toalhas brancas rendadas que caíam dos lados, e os homens traziam às costas o garrafão do tinto enfiado num pau. Chegados ao Arraial de Malhapão, um dos melhores das redondezas e que lhes calhava em caminho, poisavam as coisas, sentavam-se na relva, a descansar um pouco da longa caminhada e a matar a fome. Comiam, bebiam, rezavam, cantavam e seguiam. No regresso, pela tardinha, paravam novamente e merendavam. Depois tocavam e dançavam à mistura com o povo do lugar que os ia conhecendo, ano...
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A mostrar mensagens de março, 2017
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Do livro Malhapão Rico Confidências à Sombra do Sobreiro Lobisomens e Almas Penadas Os lobisomens eram figuras mistas entre homens e feras que apareciam nas noites de breu e assustavam tanto quem com eles se cruzava, como quem, não se atrevendo a sair para a rua enfrentando a noite tenebrosa, ficava em casa, mas tinha na mente o receio de alguma invasão inesperada. Os lobisomens, por vezes, atacavam humanos ferozmente e, acerca deles, contavam-se histórias de arrepiar. Para além destas sinistras personagens, também se falava de almas penadas que costumavam aparecer numa das ruas do lugar a pagar as penas advindas das suas vidas desregradas. Uma delas seria a de um homem que roubara o dinheiro que um dia vira enterrar tendo ficado com ele. Parece que era este um dos lobisomens mais temidos em noites de lua cheia. Também se contava que, em tempos muito antigos, quem passasse a desoras pela Rua das Relvas, em noite de lua cheia, poderia encontrar uma porca que não ti...
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Malhapão Rico-Confidências Sombra do Sobreiro Partilho hoje o texto da contra capa do meu livro Falar da nossa terra é quase sempre um prazer indescritível, com sabor a pão acabado de cozer, a sol, a terra molhada, a meninice, a brincadeiras, a risos, a histórias ouvidas ou vividas, enfim, um rosário de emoções. Escrever sobre a nossa terra é em simultâneo um direito e um dever. O lugar onde nascemos e crescemos, tem um feitiço tão forte que, não há tempo nem distância que nos façam esquecer o seu chamamento constante e caloroso. O tempo voa, a roda da vida gira, tudo é precário e relativo. A mudança é vertiginosa. Vive-se hoje melhor, com mais conforto. Mas perdeu-se muito que nos deixa saudades e por ventura nos irá fazer falta. Será o preço que temos a pagar pelo progresso? Malhapão está modernizado e acolhedor. Tudo cresceu por aqui. Cresceram casas, em estética e qualidade, cresceram pessoas em qualificação e instrução. Cresceu a urb...