LENGALENGAS INFANTIS
As lengalengas eram transmitidas de avós
para netos e serviam não só para enriquecimento do vocabulário infantil mas
também como exercício de dicção; no entanto era a componente lúdica que atraía
os miúdos. Eles ou começavam assim os seus jogos ou repetiam incansavelmente:
Assim se amassa, assim se peneira, assim
se dá volta ao pão na masseira.
O lencinho que vai na mão, ele cairá ou
não.
Vassourinha, vassourela quem quiser que
dê com ela.
Nobeco, nobão, sarim caitão, raimor
questão.
Pim pam pum cada bola mata um, p’á
galinha e p’ó peru, ficaste tu.
A galinha da papoila põe os ovos na
caçoila; lá põe um, lá põe dois, lá põe três, lá te calha a tua vez.
Rô rô, espera por mim que já lá vô.
Viram “pori” a minha Maria? Nem de noite,
nem de dia.
Caracol mole mole deita os corninhos ao
sol.
Corda queimada, quem a queimou? Foi o Zé
do carro que aqui passou.
Sola, sapato, rei, rainha, fui ao mar
buscar sardinha, para o filho do Luís que está preso pelo nariz. Os cavalos a
correr, as meninas a aprender, qual será a mais bonita que se vai ali esconder?
Um dois três, macaquinho do chinês.
Pico, pico saltarico quem te deu tamanho
bico? Foi a velha da cortelha a tirar a sobrancelha.
Gotas de amoras? Vou dizer ao teu pai
que já namoras.
Tão badalão, cabeça de cão, orelha de
gato, não tem coração.
Que te faça bom proveito à barriga mais
ao peito.
Quem vai à guerra, dá e leva.
Joaninha voa, voa. Leva as cartas a
Lisboa.
Caldeirinha caldeirão vai cair no meio
do chão.
Sapateiro remendeiro come tripas de
carneiro.
Quem está à frente do meu sol é o mais
burro que está no rol.
Desadormenta-te pé, que eu hei-de ir ao
S. Tomé, que está lá um burrinho mé, que te há-de querer comer, e tu hás-de
querer correr e não poder.
Onde vais? – Vou para o mundo, comprar
pólvora e vender chumbo.
Que tens para a ceia? – Morrões de
candeia. - E para o jantar? Bordas de alguidar.
Quem tem frio mete o cu no rio.
Quem tem fome come um “home”.
Aida Viegas (in OLIVEIRA DO BAIRRO MEMÒRIAS DE UM SÈCULO)
Comentários