Placa Comemorativa


A Febre Exantemática
 
              Consta que em tempos já remotos, lá pelo ano de 1929, assolou esta região uma epidemia de tifo altamente transmissível e mortífera que vitimou grande parte da população deixando todos em pânico.
              O povo chamar-lhe-ia a “febre do piolho”. Ao que parece era uma espécie de tifo exantemático que matou muita gente.
              Alarmado, o padre Alírio, vendo a população a sucumbir assustadoramente, sem esperanças, resolveu dirigir-se ao Porto com a finalidade de pedir auxílio às entidades de saúde e assistência. Não tendo, estas entidades, levado a sério o alerta de que era portador, talvez pela sua insistência, o bom padre chegou a ser detido, durante algum tempo, pelas autoridades. Porém, vendo que não se calava, devolveram-no à liberdade e passado algum tempo mandaram averiguar a veracidade dos factos.
              De seguida foram enviados para a povoação dois médicos e um enfermeiro, este de má memória, pelo mau serviço que prestou. O povo chegou a afirmar que ele enviava para enterrar pessoas que ainda estavam com vida. Conta-se que um homem que fora contratado pelas autoridades para, com o seu carro de bois, transportar os mortos apenas metidos num caixote com umas pazadas de cal, para o cemitério de Vagos, onde eram enterrados em vala comum, sentiu, muitas vezes, que alguns deles mexiam ainda a caminho da cova.
              Ao mesmo tempo que os médicos e o enfermeiro, foram para aqui enviados barracões de madeira, os quais vieram em camiões sendo descarregados na Quintã, onde terminava a estrada, porque o caminho até à Lomba não era acessível a tais veículos. Daí, tiveram de ser transportados em carros de bois, até ao local onde foram instalados. Esses barracões destinaram-se a albergar os homens atingidos pela peste, sendo as mulheres recolhidas na capela, que fechou ao culto, ficando a servir de hospital. Enquanto durou a epidemia as cerimónias litúrgicas passaram a ter lugar numa casa particular, próximo dali. 
              As mortes eram tantas que nem se organizavam os funerais, seguindo os cadáveres para o cemitério, nos ditos carros de bois, sem cerimónias fúnebres nem acompanhamento.
              Como tudo nesta vida, a peste teve o seu fim, mas deixou marcas de muita tristeza, desespero e luto.
              Entre os inúmeros mortos, contam-se alguns mais destacados, cujos nomes foram, em jeito de homenagem, muitos anos depois, inscritos numa pedra fixada junto da igreja actual para lembrar tal catástrofe.
              Em 8 de Julho de 1999 foi erigida no largo da igreja de Santo António uma placa a lembrar as pessoas que mais se destacaram na ajuda ao combate desta peste, tão traiçoeira e mortífera, que deixou esta zona num luto colectivo.
              Ali, se pode ler o seguinte:
              Depois do Director-Geral da Saúde ter diagnosticado a epidemia do tifo exantemático, deram a sua melhor colaboração ao seu combate os médicos:
              Dr. José dos Santos Malaquias.
              Dr. Augusto dos Santos Bilelo.
              Vítimas da sua generosidade e dedicação, pelos doentes, vieram a falecer:
              Dr. Manuel Caetano de P. e Matos, nascido em Avanca a 23/11/1891 e falecido em        Vagos a 9/6/1929.
              Irmã Rita de Oliveira Neves nascida em Moselos (Feira) a 9/7/1905 e falecida em Santo   António a 9/7/1929.
   
                     (Aida Viegas ( in A Freguesia e o Padroeiro )

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