Santo António - A Freguesia e o Padroeiro



Livro de muitos afectos(transcrição do Jornal da Bairrada – 1 de Junho de 2011)
A freguesia de Santo António (de Vagos), no dia 28 de Maio, esteve em festa. Era lançado no salão Paroquial, que encheu, o livro “Santo António – a Freguesia e o Padroeiro”, da escritora bairradina, Aida Viegas. Trata-se da primeira obra escrita sobre a terra e as gentes.
O sentimento da emoção. O livro divide-se em duas partes. A primeira centra-se na história breve da freguesia e seu desenvolvimento, abarcando também o campo da Etnografia (usos e costumes, ditos populares e pequenas e saborosas histórias), figuras, fenómeno da emigração; a segunda recorda a vida do santo padroeiro, Santo António, taumaturgo a quem a autora dedica particular devoção e um terço da obra.
Pelo que foi dito na sessão, trata-se de um livro de afectos múltiplos: a devoção ao padroeiro e o facto de ser a terra da naturalidade do marido.
Foi apresentadora da obra Sónia Martins, que começou por afirmar que, “em toda a obra temos o sentimento da emoção”, porque a autora “nos presenteia essências de sentimentos, de estados de alma”. Considerando que todo o livro se completa no olhar do leitor, acrescentou que “esta obra é dedicada a todos nós” pelo facto da descoberta das “raízes da nossa identidade cultural”. Urge descobrir o que o passado tem de melhor para olhar de frente para o futuro.
Sónia Martins, que abordou também a importância da vila de Vagos e um naco da sua história com muitos séculos, não deixou de referir em algumas páginas do livro o registo da linguagem do povo, “uma verdadeira delícia”.
(Delícia foi quando Domingos Cardoso, mestre da cerimónia, que bem ajudou à festa, puxou de uma mala cheia de aerogramas ou antes de emoções e afectos, que Aida Viegas guarda do tempo em que, achando-se o marido na guerra em Angola, muitas saudades escreviam.)
Orgulho e privilégio. Como a sessão foi pouco formal, começou por falar o pároco, padre Fernando Pinto (tinha de sair) que se regozijou pela publicação do livro, que se materializou, “graças ao talento e investigação da autora”, o qual é uma homenagem a todos quantos ali nasceram e ali vivem. Concluía: “saibam merecer esta honra e esta obra”. Por sua vez o presidente da JF, Fernando Julião mostrou-se satisfeito por ter acolhido e patrocinado este projecto, desde a primeira hora. “Penso que também toda a freguesia deve estar orgulhosa.” Ele estava.
Albina Rocha, Vereadora da cultura da CMV, afirmava, perante uma sala cheia, o que é sempre motivo de regozijo, que esta obra “é mais um registo do nosso património cultural”e a autora fá-lo de um modo que a levou a concluir: “trata bem a língua portuguesa, coisa que hoje se vai perdendo”.
Encerrou a autora (também de poesia, crónica, monografia e romance), com o habitual sorriso, começando por dizer que “foi para mim um privilégio escrever sobre esta terra e sobre esta gente”, terra que tem como patrono o santo que a viu nascer e, entre a sua gente, escolheu o pai de seus filhos. Os tais grandes afectos que presidiram à escrita do livro.
“O meu trabalho apenas se resume a uma aguarela a preto e branco”, afinal, um livro que escrevi com muito carinho”. “Espero que gostem” – concluiu.

Armor Pires Mota

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