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A mostrar mensagens de agosto, 2010
A Gaveta dos Ratos Meus filhos haviam nascido numa grande cidade, fora de Portugal, onde passaram os primeiros anos da sua meninice. As crianças; três meninas e um rapaz, ao chegarem à aldeia, tudo para elas era novidade, e aventura. Ali ficava a casa dos avós, onde viemos morar. Adoravam brincar no quintal da casa, subir às árvores colhendo e comendo frutos, encontrar ninhos por entre a folhagem, correr com o Fidalgo, cão miúdo e rafeiro, enfim, fazer mil e uma ciosas, que na cidade não lhes era permitido. Nessa casa, já muito antiga, existia uma velha mercearia, com uma taberna anexa, que há vários anos fechara as portas ao público, onde se acumulavam trastes à mistura com toda a sorte de artigos, que lá ficaram após o fecho. Este era o reino onde as crianças faziam descobertas, imaginavam histórias, se encantavam com toda a sorte de achados; um mundo de faz de conta, onde elas recriavam cenas e inventavam histórias, dando largas à sua fantasia. Deliciavam-se a fazer...
Fidelidade (conto do livro "Histórias de Bolso das Gentes de Aveiro") Manuel Ramalho vivia acabrunhado já que o rendimento do seu trabalho na agricultura, que levava a cabo de sol a sol, nunca lhe chegava para pagar os gastos. Desesperado resolveu emigrar. No Canadá, conseguiu ao fim de seis anos amealhar um pequeno pecúlio que lhe pareceu bastante para poder regressar a Portugal e levar uma vida pacata na sua aldeia. Os filhos entretanto ficaram por lá. Ele e a mulher, Deolinda, regressaram e recomeçaram a cuidar das leiras, agora já não com a finalidade do sustento, mas sim como complemento da reforma e ocupação do tempo. Além disso, Ramalho intervalava o trabalho no campo, com uns biscatos de canalizador e pedreiro, artes que tinha aprendido no estrangeiro, e agora lhe rendiam algum dinheiro. Entretanto podia dar-se ao luxo de ter algumas horas de lazer, tempo que ocupava caçando, actividade que sempre o atraíra, e à qual se podia agora dedicar, após comprar uma ar...